domingo, 4 de julho de 2010

Aquela noite


Me sentia extremamente confortável quando vi aquela cena tão adorada e inconscientemente guardada com cuidado e perfeição em minhas lembranças. Afinal não era muito tempo, mais a saudade não precisa sequer de segundos para sentir falta da base das minhas mais perfeitas e simples ocasiões.

Era um local. Só aquele local aquela sintonia para mim, era acolhedora, onde me sentia imortal ,me sentia o ser perfeito no qual sonhara a ser a autora , a própria autora da minha historia , de meu futuro, onde minhas emoções , sentimentos , estariam imóveis e silenciosas na palma de minha mão .
Me sentia sem problemas , sem riscos , lá tudo era seguro , lá era enfrentar o mundo sem se machucar , sem trazer nenhum arranhão , apenas minhas memórias , que poderiam ser recordadas a qualquer momento que lhes precisa-se . Memórias preciosas.
Me sentia perfeitamente estável , sem ao menos lembrar da tempestade fria e impiedosa que congelaria meus ossos e meus órgãos até morrer imóvel , como uma boneca de trapos , assim que me despedisse .
Aquelas palavras não eram únicas, mais a cada etapa tinham um novo sentido, uma nova explicação, uma outra emoção a ser descoberta.
Eu controlava minha mente. Controlava meus medos, meus sentimentos e minhas emoções agora eram como marionetes que me pertenciam, como argila fria, que ainda seria moldada por minhas mãos sem pressa.
Todo segundo era precioso, não queria desperdiçar nenhum momento.
Minha respiração agora se tornava um incômodo, que só me atrasaria. Minha pulsação não era mais algo fundamental, onde a vida só existiria em meus olhos, movendo-se a cada letra.
Se pudesse deixaria de respirar, ou até de voltar em si para que aquilo jamais acabasse. Era uma ótima maneira de morrer sem dizer adeus e continuar vivendo imóvel.
Mas me sentia triste, pois mais cedo ou mais tarde aquilo há de acabar, de chegar ao fim.
Quando a ultima pagina fosse virada, e o livro fosse fechado, por minhas mãos tremulas que agora procuravam a se readaptar ou movimento de um ser humano, que vivia em uma vida real.
Um livro acabava, mandava suas cartas com recordação e cartões postais em minha mente criativa, e me sentia obrigada a conhecer um novo mundo, abrir outro livro. Mais uma historia de que faria parte.
E enquanto suas paginas fossem lidas e as palavras imaginadas com cuidado, não precisava de mais nada, pois aquele momento era algo único.
Tão único, que me fazia sentir como se aquela noite , acabasse quando eu quisesse.

Alessandra Froes  

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